30 de setembro de 2008

COLO DO TEMPO


O dia amanhece.

A claridade me acorda.

Tudo parece no mesmo lugar:

Paredes, portas e janelas.

Porém, lá...do outro lado,

As mãos do tempo me acenam.

Aceito o convite.

E, de mãos dadas, saímos a caminhar:

eu e o tempo.


Já houve épocas em que eu, sonolenta e cansada,

Era carregada nos braços das horas

E adormecia minha alma triste

No colo desse mesmo tempo...

Incansável, ele me mostrava razões

Para deixar nada passar despercebido...

Mas, meu cansaço espiritual fazia-me cega,

Insensível, insegura, covarde...

Até que o tempo me apontou uma folha amarelada

Indo embora, sem direção, mas asas do vento.

Logo depois, colocou em minhas mãos um punhado de areia

Que começou a escorregar por entre os meus dedos.

E, o tempo me convenceu de que aquela folha cansada

Não mais voltaria para junto da árvore que a sustentava.

Depois, me pediu para eu abrir a mão que estava vazia,

E afirmou que a areia que eu segurava com tanta firmeza

Havia, naturalmente, se misturado ao vento

E se perdeu, ... e se foi das minhas mãos...


Compreendi, então, que se eu adormecer

No colo do tempo,

Serei como aquele punhado de areia

Que entre os dedos da vida se perdeu no vento,

No mesmo vento que levou para o lugar do sempre

A folha seca e amarelada da árvore da felicidade...


(Val)

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